domingo, 27 de agosto de 2023

Enfim, grávidos.

- "Olha, tem uma coisa aqui no seu útero. Pode ser que seja um saco gestacional.". E foi assim que eu recebi a notícia que eu estava embarcando em uma nova aventura. 

Começou com uma cólica. Aí eu pensei: "Ah, minha menstruação vai descer." Passou uma semana e nada. Eu joguei volei, caí de barriga no chão, bebi caipirinha, tomei antiinflamatório. Tudo aquilo que uma gestante não pode fazer, afinal: "Minha menstruação vai descer.". E mais uma semana passou, a cólica piorou. E eu desconfiei que tinha algo errado. 

Tentei marcar minha ginecologista, mas, não tinha data. Acabei indo no pronto socorro pra investigar. Cheguei la e o plantonista suspeitou de cisto roto ou gravidez ectópica. Fiz o beta hcg e um ultrassom pra tentar entender o que poderia estar acontecendo. 

E no ultrassom escutei a frase la do início desse post. Que poderia ser um saco gestacional ou um cisto. Aí eu perguntei: "mas está no lugar certo?" Estava no lugar certo. 

Nesse tempo o Fábio chegou e ficou lá esperando o resultado do exame de sangue comigo. 

A médica nos chamou, e numa conversa, nos rondou, nos preparou e soltou a notícia: "então, deu positivo. Parabéns, vocês estão grávidos. Agora você precisam iniciar o pré natal."
 

Ué, mas essa cólica? Calma que é normal. 

Saímos da sala da médica sem entender direito o que estava acontecendo. E então pegamos o exame de sangue impresso: Beta HCG marcava 8700. O parâmetro normal de uma mulher não grávida é de 25. 

Sim, eu estava bem grávida. Fábio chorou. Eu ri de nervoso. E de lá saimos pra comemorar. 

A semana se passou e a cólica aumentou. Eu fiquei preocupada e não conseguia marcar médico. Até que consegui uma guia pra repetir o Beta HCG. O médico disse: o beta dobra a cada 2 dias. Se estiver aumentando está tudo bem, se estiver diminuindo está abortando.

Fiz o exame. Que aflição, estava sem coragem para ver o resultado. Afinal se estivesse diminuindo eu ficaria muito desapontada. Saiu o resultado, abri: 27000. Tudo bem.

No fim acabei descobrindo que a cólica eram gases.

E assim começa nosso diário da gravidez.


Um beijo.

Quem eu sou aos olhos do outro

Um dia desses eu estava em casa, sozinha, liguei uma música que fazia eu me lembrar do Fábio. Pensei: que legal ter algo que é tão outra pessoa que faz a gente lembrar dela, né?

Aí comecei a pensar em mim, no que os outros devem lembrar de mim. Foi um dia depois do meu aniversário e meus amigos fizeram stories no instagram me desejando coisas boas e falando sobre mim. Sobre coisas que fazem lembrar de mim. E que bom saber que eu estou conectada a tanta coisa boa, a tanta luz. 

Há um tempo atras eu nem saberia que coisas eram essas, ou, eu estava tão desconectada de mim mesma que coisas que não tinham a ver comigo se conectavam a mim. Lembro do dia que eu doei mais de 70% das minhas roupas porque eu não me reconhecia em nenhuma delas. E eu que havia comprado. 

Eu comecei esse processo de reconhexão muito forte em 2018 e foi tão bom, relembrei de coisas adormecidas aqui dentro. Lá atras parecia dificil, demorado, mas, se a gente tem paciência no processo, la na frente vai valer a pena. 

Hoje eu sou praia, sou bichinhos, sou reggae, sou café da manhã, sou sossego, sou papo sobre universo, sou incenso, banho de ervas, sou cura, sou esperança, sou sorriso aberto. Tenho um estilo de música, tenho filmes favoritos, tenho citações de livros. Tenho um ciclo de amigos que são luz, são amor, são casa. 


Eu construi essa Aleide, indo num mergulho profundo de quem eu sou, me perdendo, deixando pra tras tudo o que eu conhecia, aceitando o desconforto e o, até então, desconhecido, até me encontrar. Estou orgulhosa. *tapinha nas costas*

É como se todas essas coisas, essas pessoas, fossem uma grande colagem que dão forma a quem eu sou. A gente não é uma coisa só. E cada pessoa é única nesse emaranhado de coisas que ela viveu e a trouxe até onde está. E não é imutavel, logo seremos outro e assim vai.

Dizem que a gente só se reconhece atraves dos olhos do outro. Tanto o bem quanto o mal. Tudo, no fim, é sobre nós. Quem passa em nossa vida, situações que nos reconhecemos, que nos incomodam. Tudo é uma lição e cada um que se conecta conosco são professores.

Aquela música que você ouviu, aquela frase que leu no outdoor, ou o que um estranho te falou. Tudo é um sinal. Basta a gente ouvir (nem sei como cheguei nesse papo haha mas deixei fluir).

Enfim, acho que deu pra entender hahaha.

Um beijo.

Aquele móvel desgastado tem uma história

Eu não nego que sou perfeccionista. Não aquele perfeccionismo que falamos na entrevista de emprego quando nos pedem uma qualidade. Mas, do jeito ruim. Sabe?

Eu sempre quis tudo perfeito, tudo impecável, quis controlar tudo.

Se algo na minha casa estragava, riscava, manchava, saía do eixo, eu surtava. Jogava fora, descartava, escondia. Não aceitava.

Hoje me peguei olhando pro porta copos do sofá, que já viu dias melhores. Hoje tem umas partes estragadas. E sempre que elas ficavam aparentes, eu virada o lado pra não ver. Mas, em especial, hoje eu olhei pra ele, e lembrei do dia que a Brisa, ainda bebê, mordiscou ele e deixou aquelas marcas.


E por um instante eu me transportei praquele instante e aquelas coisas engraçadas de filhote e fiquei ali rindo sozinha. Mergulhada nas memórias que aquele móvel meio estragado me trouxe. 

E então entendi que quando a gente permite soltar o controle, a gente cria memórias, cria história. E eu poderia ter uma casa limpa, organizada, perfeita. Mas, a minha vida não estaria tão preenchida de amor e histórias gostosas pra contar.

segunda-feira, 17 de abril de 2023

A arte de dizer Não

Você sente dificuldade em dizer não?

Existem muitos motivos pra gente não saber dizer não:

- Falta de limite na infância,
- Insegurança,
- Necessidade de aprovação,
- Medo de rejeição...

Isso tudo Froid explica, mas, eu não sou uma profissional para te analisar e te dar um diagnóstico.

O que eu posso dizer são formas para te ajudar a se livrar dessa prisão. Como eu venho lidando com isso diariamente. Afinal eu também tenho dificuldade em impor limites, definir meu espaço.

E tudo começa em aceitar. Saber que você não consegue dizer não é o primeiro passo. Muitas vezes a gente nem nota que está acumulando atividades, fazendo vontades dos outros, deixando de sermos nós mesmos, simplesmente porque não consegue impor limites. O início da cura é estar consciênte do problema. 

Eu achava que era normal, achava até que era uma qualidade. Até que um dia eu vi essa minha dificuldade. E aí comecei a identificar as situações quando elas aconteciam. E quando a gente nota, fica mais fácil de tomar atitudes pra mudar. Quando estamos conscientes, temos a capacidade de escolher outras formas de agir, sem ser no automático.

Quanta coisa você vem fazendo, sem querer, só porque não soube dizer não? E depois, você diz que está cansada, com preguiça, desmotivada. Você está colocando toda sua energia em algo que não é pra você.

Tudo bem fazer algo que você não gosta muito só pra agradar alguém. Tudo bem fazer favores. Ou assumir uma tarefa como pró-atividade. O grande problema é quando tira a sua paz, quando sai do controle, quando você perde sua identidade, sua energia.

Dizer "não" pode parecer bobo. Mas ele representa o amor próprio. Dizer não é se respeitar, se priorizar, é dizer sim pra quem importa: você. Saber dizer não é um super poder.

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Você é medicina

Se tem uma coisa que eu carrego de minhas ancestrais é o conhecimento sobre o poder de me curar. Seja com o meu poder interno, seja com o poder da natureza.

Minha vó era daquelas que tinha um chá pra tudo, ela conhecia tudo de ervas. Era muito sábia. E a cada dia que passa, mais a gente retorna pra essa sabedoria.

Sobre a cura do corpo atraves das plantas, do alimento, da energia da terra, da água, do sol. 

Quando eu estou com gripe, eu amo fazer um chá com limão e gengibre. Quando estou com cólica menstrual, eu tomo um banho quente, tomo um chá de camomila. Aperto pontos de acupuntura no corpo. Faço alguns exercícios de yoga. Faço um escalda-pés quando tenho enxaqueca.

Eu recorro a alopatia sim. Quando necessário. Só não podemos esquecer que somos medicina e que a terra tem poder de curar. Nosso corpo é incrível e capaz de se curar. 

sexta-feira, 7 de abril de 2023

Dê o seu melhor

Não, você não precisa ser a heroína, você não precisa matar um leão por dia, não precisa ser super produtivo sempre. 

Tem dias que "dar o nosso melhor" é sair da cama. Ficar em casa de pijama o dia todo. Estar em paz. 

E ta tudo bem.

Estamos vivendo na cultura do sangue nos olhos. Dos ansiosos. Dos antidepressivos. Da culpa por fazer demais e estar longe da família. Da culpa por não fazer nada. 

O ócio também é bom. Se permita.

A grande chave é estar em equilibrio. Entre o servir e o descansar. É se conhecer e aceitar os ciclos.

Não se cobre, o seu melhor não vai ser o mesmo todos dias. Nem você é o mesmo todos os dias.

Tem dias que você é a donzela, cheia de vitalidade e tem dias que é a anciã, introspectiva, sábia.


Um beijo

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Use naqueles dias que você não estiver bem

Tem dias que tudo é fácil, a gente acorda no gás, o sol brilha, os pássaros cantam e tudo parece estar certo.  

Tem outros dias que a gente simplesmente entende que está cansada, que não está afim, que precisa de uma pausa. E tá tudo bem. A gente não tem que estar bem todos os dias e isso é normal. Mas aí, no dia seguinte a gente dá a volta por cima, sacode a poeira e segue o jogo, a gente negocia com a gente mesmo. Hoje te dou uma folga, mas amanhã a gente retoma, ok?

Mas, nem todo dia é fácil. E, se a gente não se policia, um dia ruim vira uma semana ruim. A gente só quer ficar na cama, nem penteia o cabelo, come mal "porque eu mereço" e aí tudo vai piorando. E piora mesmo, não só no campo da emoção, fisiologicamente falando. Um explosão de toxinas, cortisol e ausência dos hormônios de prazer.

Nosso cérebro adora ficar quietinho num canto, quanto menos gastar energia melhor. Nosso método primitivo de sobrevivência.

Eu tenho essa tendência, de buscar meu fundo do poço, eu sinto até prazer nele. É um caminho neural fácil de fazer, sem gasto de energia. Vai no automático.

No automático. Esse é o grande vilão. Quando vivemos no automático, não estamos no comando. Não fazemos escolhas. A gente nem sabe o que ta acontecendo. Sabe aquele filme? Click. Que no final você fica super aliviada porque ele ganha uma segunda chance? Pois é, hoje é a segunda chance pra você sair do automático, entrar no controle manual.